ERVA E DÁLIAS NA LATRINA

Erva e Dálias na Latrina é um romance em construção no qual decidi arriscar num género nada ortodoxo. Para além das frases curtas, da escrita directa e do fluxo de consciência, este romance de toada profundamente erótica, hedonista e de realismo cru, não pára no vermelho. Fortemente influenciado por Sade, Baldwin e Bukowski, a lâmina da realidade fere e contamina mas, generosa, também se oferece, na forma de grande beleza, aos olhos do leitor.

Conto a história de H. J. Jones, gestor de carreira de um pugilista em decadência, numa tentativa ousada de dar sentido à sua existência. Sobre este pano de fundo, a realidade acontece sem a sensualidade de um striptease. É que a realidade quotidiana é menos teatral, menos construída mas não menos bela. Talvez o contrário seja bem mais fiel à verdade. A fealdade, a doença mental, o Amor, o fedor da pegada humana, a velhice, a sexualidade livre para ser o que quiser (nomeadamente inconsequente) os corpos imperfeitos e os vícios que visam tolher a realidade para que, naquele momento, esta se torne menos esmagadora, não são temas novos. Assumo o risco e abordá-los-ei sem tabus, numa tentativa de ajustar a lente e reconhecer que a beleza da dúvida e da imperfeição pode terraplanar a felicidade artificial, vendida em pacotes promocionais em qualquer grande superfície comercial.

Next
Next

ERVA E DÁLIAS NA LATRINA (CAPÍTULO I, PALAVRAS 0-436)